CARTA A UMA ESTRANHA

 

Querida Isinha,

 

Meu nome é...

Mas que importa isto?

Para você será só um nome.

Nunca nos veremos.

 

Sou amigo íntimo do Cláudio

E é por isto que lhe digo que sei de muita coisa

Que lhe acontece e lhe atormenta nestes dias.

Sei do ocorrido com seu papai

E tomo conhecimento agora do seu sofrimento

Com relação ao meu amigo.

Por estar muito ligado a ele,

Servindo-lhe, às vezes, até como conselheiro,

Malgrado minha pouca idade e parca experiência

Eu senti-me na obrigação

De lhe dirigir uma palavra de afeto,

De compreensão, de estímulo.

 

Saiba que ele era sincero no seu erro.

Lembro-me que no início do ano

Ele me falava de você com orgulho e alegria.

E foi aí que aprendi a estimá-la também.

Mas depois as coisas forma mudando,

Surgiram novos amores

E também a falta de coragem para acabar com você,

Receio de lhe causar uma dor que acabou por vir.

Sinceramente, louvo a sua atitude,

A sua maturidade,

Ao lhe escrever esta carta.

Sei que você sofre muito

Mas tenho certeza de que você saberá suplantar esta dor,

Porque a vida é isto mesmo:

Hoje uma dor,

Amanhã uma alegria,

Às vezes mais dores do que alegrias.

Viva a vida, minha querida,

Não se deixe abater por estes problemas.

Sei que é difícil esquecer,

Mas este é o remédio.

Procure divertir-se, estude, seja forte.

Você é jovem e ainda tem muito que fazer.

O mundo precisa de você.

Lembre-se disto.

 

Não quero resposta a esta carta.

Quero continuar a ser um estranho para você,

Mas, se precisar de mim,

Eu me sentirei muito feliz em servi-la.

Tenha em mim um seu amigo.

Só quero vê-la sorridente e confiante

No futuro que se lhe avizinha.

Escrever-lhe foi iniciativa minha

E ainda não sei se vou mostrar esta carta ao Cláudio,

Acho bom que você saiba disto.

 

Desde já a faço ciente de todo o meu respeito

E admiração.

 

 

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