O EXILADO
Alhures, na estância dos que não tornam,
A brandura da pátria perdida pranteio.
É ensejo, em cada momento,
No calor perdido, de refletir,
Neste cativeiro que cumpro.
Por onde caminho, lembro-a,
Justo por aqui faltar
Qualquer coisa que nela tive.
Este martírio, quando acabará?
Aprovaria volver,
Meus dias, antes de ultimados.
Sei que mereço punição
Mas elevado é este tributo.
Revolto-me. Missas, não mais as verei;
Conversar, não mais vou;
O sol, negar-me-ei a vê-lo,
À minha cela sem grades me recolhendo.
Exterminaria tudo se pudesse,
Pela fúria que me afoga dominado.
Quero voltar.
Na alegria do dia,
A cujo desfilar presencio,
Vejo-me vazio e sem ter o que fazer.
Esta angústia que em alguns dias me ataca
Faz-me escrever, talvez sem nexo,
Aquilo que desfila em minha mente entorpecida.
Numa tarde assim nasceu este esboço,
Como se eu fosse o exilado.
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