INSÔNIA

 

Não falo.

Pensar, não consigo.

Vem-me um vazio.

Estou só.

Televisão vou ligar;

O que ver não sei,

Quero apenas sorrir.

Estou vivo.

Minhas roupas,

Vesti-las, vou, e sair,

Ver mulheres,

Ter aventuras.

 

Lá fora chove

E não mais saio.

Tenho um dominó,

Mas não com quem jogá-lo.

Meu telefone,

Preto amigo,

Toca, toca, toca...

Será ela?

Tremo,

Atendo e ouço

Uma tão conhecida voz:

Meu irmão.

É noite.

Eu e minha cama...

 

Já é madrugada; não durmo.

Chove ainda e

Continuo só.

Amanhã, de mau humor,

Tudo será feio,

Até a bela secretária

E suas formas graciosas.

 

Ainda me sinto só.

Vivo só e

Morrerei só.

Rio só.

Falo só.

Escrevi este poema só...

Vivo a loucura

Nesta noite sem fim.

Vou fugir,

Tenho de dormir...

Até amanhã...

 

 

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