O RIO
A mataria é
espessa.
Num último alento
afasto as ramas
derradeiras
e quedo-me
diante da imponência
deste forte que se
acalanta.
Não dorme; move-se de mansinho
trazendo em si
a
subsistência
dos que
nunca temem enfrentá-lo;
e os que
o afrontam são, no
momento,
em número de três.
Louvemos a
coragem destes
homens
que, desde o
raiar-sol,
lançam-se sobre ele – razão de vida,
mercado que lhes
sacia, fonte de inspiração
em
dias de conquista
e depois,
elo primário de comunhão com
a esposa,
esperante
na
volta diária.
Ele,
na sua corrida,
parece versejar:
“Vou – não volto nunca –
por
meus caminhos tortos.
De um lado, a relva,
do outro, também.
Vivo a monotonia de minha própria
música.
Vou só.
Acostumei-me”.
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