PAIXÃO DIVIDIDA
Sei que não posso,
Nem devo, eu somente,
Alimentar ilusões
De que um dia serás minha.
Nossa amizade foi uma das coisas
Mais extraordinárias que me aconteceram
E daqueles apertos de mão,
Sempre significativos só para mim,
Daquelas trocas de olhares, e de sorrisos,
E de beijos, e de idéias, e de admiração,
As minhas ilusões adormecidas
Se acharam no direito de acordar
E crescer.
Sou teu escravo,
Farás de mim o que quiseres,
E viverei eternamente na esperança
Da coincidência do teu com o meu querer.
Mas, no íntimo, talvez não queira
Que sejas minha nunca
Porque a tua simples presença, onde eu estiver,
Será maravilhosa magia
Que me velará os olhos
Na eterna lembrança de ti como até então sempre fostes:
Bela, ingênua, carinhosa, atenta, sorridente...
Tão frágil e tão forte,
Tão acessível e tão fugidia.
Eu te amo assim.
Esta é a história da minha paixão por ti.
Outra história de um amor impossível.
Não devemos alimentar ilusões,
Sejamos apenas amigos,
Embora este outro sentimento vá aos poucos
Me devorando e me deixando
Na dependência de querer-te sempre, egoisticamente,
Perto de mim, para poder
Escutar a tua voz,
Conversar contigo,
Sentir teu perfume,
Saber se estás bem,
Saber dos teus progressos
Participar, mesmo que seja tão pouco,
Da tua vida,
Para me sentir um mínimo correspondido
E viver a esperança
De obter um pequeno lugar
No meio de tuas lembranças.
Não me esqueças nunca,
Porque eu te quero muito
E não te esquecerei jamais.
Hoje sou um homem conscientemente dividido
Pois Deus, que me fez tão passional,
Caprichosamente me colocou entre
Duas mulheres sensacionais,
Na certa para me testar
E me fazer passar sensações
Nunca sentidas,
Valorizando-me a vida.
Sou teu.
Também.
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