RETRATO DO MEU AMOR A LIMOEIRO

 

Elevo-me à colina do Redentor

E vou espiar-te, lá do alto,

Suntuosamente espraiada,

Risonha e desperta,

Já sentido intensamente

Mais um dia de existência.

Tu és, Limoeiro, a menina dos meus olhos.

Bela foste gerada

E perduras assim medrando.

Ainda cá de cima, do meu ângulo,

Diviso teu povo ordeiro,

O mesmo que labora dias inteiros

Com o fito de no término da semana,

Realizado, volver ao lar, sereno,

Carregando na algibeira

O dinheiro da feira próxima.

 

Os laços que me ilaqueiam a ti

São maternos, bem o sabes,

Pois daqui sou nascidiço.

Tão querida tu me ficas,

Que, ao fim desta minha realidade,

Afadigado reclamarei que me deixes

Repousar eternamente

Neste regaço que tanto amo.

Terei que partir brevemente,

Choraremos os dois,

Mas nunca me cairás no esquecimento

E quanto mais perfeito for ficando

Mais batalhas enfrentarei

Para que possuas um porvir

Ainda mais luminescente.

Lastimo ter de abandonar-te;

Sinto que posso até prantear.

Jamais te esquecerei.

 

Gostaria de traduzir todos os sentimentos de agora

Mas receio não atinar com palavras

Que, com primor de estilo,

Me prontifiquem o encargo

De referir o que minh’alma sente.

Das tuas ninas, minhas formosas irmãs,

Que direi?

As duas Anas (uma Tereza e a outra Maria),

Carmita, Dolores, Rosa Rosinha.

E tantas outras, que na adolescência minha

Já tiveram presença marcante,

Nunca serão esquecidas.

 

Vou partir.

Sinto ter de ir,

Mas é necessário.

Não deplore porque,

Quem entrevê?

A demora será breve,

Sempre estarei a visitar-te. Prometo.

E agora,

Adeus.

 

 

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