LIVRO II - PREVIDÊNCIA

Capítulo I - Histórico

 

O DESTINO DO SOLDADO

Os jornais têm levantado várias questões sobre a falta de contribuição para a previdência por parte dos militares.

Em defesa da categoria o argumento maior sem dúvida é o de que constituem uma categoria profissional cuja atribuição maior é a defesa da pátria.

Esta atribuição faz da carreira militar a mais típica das carreiras típicas de Estado.

A carreira militar é tão característica que não admite a existência de ex-militares, isto é, uma vez militar, para sempre militar, seja da ativa, da reserva remunerada, da reserva não remunerada ou reformado.

O compromisso com a pátria é para sempre.

A existência de uma Força Armada não será compreensível se não for para defender a pátria contra ataques de outros países. A sua inexistência torna impossível o exercício da soberania. Se não há como fazer cumprir a ordem, não haverá como dar a ordem.

Assim sendo o militar, junto com navios, tanques e aviões, compõem um patrimônio da nação para fazer valer a sua vontade perante as demais nações do mundo. E manter um patrimônio implica em custo. O custo da manutenção da atividade militar reflete-se não apenas em despesas com reparo e manutenção dos equipamentos, mas também em despesas com a manutenção da saúde do militar, aí compreendidas a saúde física e mental.

Para que o rendimento do militar seja o maior possível é preciso mantê-lo afastado de preocupações com o bem estar da sua família. A certeza de que nada faltará a ela durante as suas ausências, principalmente em caso de morte, é que motiva o militar a lutar "até com o sacrifício da própria vida" como diz no seu juramento sagrado.

No passado os militares tinham as mesmas preocupações com suas famílias. Daí a instituição centenária da Pensão Militar, cujos antecedentes mais antigos remontam ao Montepio da Marinha de 1795, criado pelos Oficiais da Marinha para garantir o futuro de suas famílias.

Outro aspecto importante da carreira militar pode ser traduzido na frase: o destino do soldado é a morte na guerra. Para ela se prepara desde jovem. Para ela se prepara a vida inteira. Faz cursos e exercícios perigosos, onde às vezes até se perdem vidas.

No mundo atual, cheio de opções profissionais, algumas delas muito mais interessantes e menos arriscadas que a profissão militar, acredito que nenhum jovem venha a escolher a carreira das armas pensando em aposentadoria ao final de 30 arriscados anos.

Além do mais, o militar não se aposenta, ele passa para a Reserva Remunerada e tem a obrigação de continuar pronto para a guerra, podendo ser convocado para defender a pátria a qualquer instante. Não deve descuidar da sua forma física, sendo convocado para exercícios periódicos de mobilização com a finalidade de manter e reciclar os seus conhecimentos sobre a profissão militar. Em casos excepcionais, mesmo Reformado, continuará prestando serviços à pátria. O vínculo com a nação continua.

Em outras profissões a aposentadoria encerra um compromisso com a instituição. Daí em diante o funcionário não terá mais a obrigação de servi-la, ficando totalmente desvinculado. A situação é perfeitamente compreensível, pois a sua instituição não é a pátria.

Já para os militares o vínculo com a pátria é para sempre.

[ voltar ] [ índice ]